quinta-feira, 3 de julho de 2008

A Fisioterapia,sua história e seus recursos


Como post inaugural irei falar um pouco sobre a Fisioterapia, sua história e seus recursos. Inicialmente iria falar de todos os recursos da fisioterapia (cinésio, eletro, termo, foto, masso, mecano, hidroterapia), sem falar nas terapias alternativas que são inúmeras, mas como o assunto é extenso e abrangente, dará muito pano pra manga. Espero aqui trocar conhecimentos na área e aprender um pouco mais.

Falando um pouquinho da história da fisioterapia.

Na antigüidade , período compreendido entre 4.000 a.C. e 395 d.C. havia uma forte preocupação com as pessoas que apresentavam as chamadas "diferenças incomodas"; este termo era utilizado para abranger o que na época era considerado de "doença". Havia uma preocupação em eliminar essas "diferenças incomodas "através de recursos, técnicas, instrumentos e procedimentos. Os médicos na antigüidade conheciam os agentes físicos e os empregavam em terapia. Já utilizavam a eletroterapia sob forma de choques com um peixe elétrico no tratamento de certas doenças. O hábito de utilizar as formas de movimento como recurso terapêutico remonta há vários séculos antes da era cristã. Durante a guerra surgem as escolas de cinesioterapia, para tratar ou reabilitar os lesados, mutilados que necessitavam readquirir um mínimo de condições para retornar a uma atividade social integrada e produtiva. A Fisioterapia passa a fazer parte da chamada "Área da saúde" e foi evoluindo no decorrer da história, teve seus recursos e formas de atuação quase que voltada exclusivamente para o atendimento do indivíduo doente, para reabilitar ou recuperar as boas condições que o organismo perdeu.

No Brasil, a utilização dos recursos físicos na assistência à saúde iniciou-se pôr volta de 1879, na época da industrialização, devido ao grande número de acidentados do trabalho, e seus objetivos eram voltados para a assistência curativa e reabilitadora.

Em 195l surge no Brasil o primeiro curso para a formação de técnicos em fisioterapia.

Em 1956 surgiu o primeiro curso com duração de dois anos para formar fisioterapeutas que atuassem na reabilitação (Sanchez, 1984, p.31).

Em 1969 a fisioterapia no Brasil foi regulamentada como profissão através do decreto-lei nº 938 de 13 de outubro de 1969.

A Fisioterapia nos dias de hoje

A Fisioterapia,ocupa hoje um lugar de destaque entre as inúmeras profissões da área de saúde. Poucas tiveram um desenvolvimento tão rápido e significativo nos últimos dez anos. Ganhou espaço em empresas privadas, associações esportivas, centros de saúde, clínicas particulares, e principalmente em hospitais, onde o fisioterapeuta mantinha-se timidamente circunscrito a situações bem menos complexas do que as atualmente desenvolvidas. Passou a ser reconhecido em sua relevância profissional, tornando-se presença obrigatória no atendimento hospitalar, de todas as especialidades clínicas (multidisciplinar) e cirúrgicas, além dos serviços de urgência e de terapia intensiva, minimizando as complicações decorrentes dos longos períodos de internação.

A Fisioterapia, hoje, vem se aprimorando paulatinamente, de forma a desenvolver, a cada dia, novos métodos de tratamento, o que tem levado seus profissionais a buscar uma melhor qualificação de seu trabalho e maior participação no ensino e pesquisa.

REFERÊNCIAS

1. Rebelato, JR, Batoné, SP. Fisioterapia no Brasil - perspectivas de evolução como campo profissional e como área de conhecimento. Editora Manole Ltda, São Paulo, 1987.



Resolução COFFITO - 80, em 21/05/1987

Segundo a resolução do COFFITO(Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), é uma ciência aplicada, cujo objeto de estudos é o movimento humano, em todas as suas formas de expressão e potencialidades, quer nas suas alterações patológicas, quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, com objetivos de preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de órgãos, sistema ou função.

Decreto Lei n. 938, de 13 de outubro de 1969

O Fisioterapeuta, é o profissional da área de Saúde, a quem compete executar métodos e técnicas fisioterápicas, com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente.

Recursos utilizados na Fisioterapia

Para alcançar tais objetivos, a fisioterapia utiliza recursos físicos e naturais, de ação isolada ou conjunta. como a eletroterapia, massoterapia, crioterapia, termoterapia, hidroterapia, fototerapia, mecanoterapia e cinesioterapia.

Na eletroterapia os aparelhos utilizam uma intensidade de corrente muito baixa (miliamperes e microamperes) com finalidades terapêuticas; são aplicados eletrodos diretamente sobre a pele; O local selecionado deve permitir que a estimulação seja facilitada ao SNP (Sistema Nervoso Periférico) e ao SNC (Sistema Nervoso Central); A pele deve ser limpa antes do uso de qualquer corrente elétrica, para diminuir a resistência da pele (impedância) e os eletrodos devem estar bem fixados ao tecido tratado. Podem conter várias correntes em um único aparelho (praticidade, menor custo e precisam de menos espaço físico) ou podem ser individuais, uma corrente em cada aparelho (maior custo, maior espaço físico).

Dentro da eletroterapia encontramos várias correntes, cada uma contendo seu efeito terapêutico individual.

Corrente Galvânica ou contínua: É gerada por uma fonte de tensão contínua; possui um pólo negativo e outro positivo (polarizada); não produz contração muscular. Seus efeitos são metabólicos como:

Ação estimulante - aumento do metabolismo devido a liberação de mediadores químicos e assim preparar o local para a atividade;

Dissociação Iônica - conseqüência da polarização da corrente onde ânions são atraídos para o pólo positivo e os cátions atraídos para o pólo negativo. Esta característica proporciona o uso desta corrente para endosmose (deslocamento de líquidos intersticiais-edemas) e iontoforese (administração de drogas via corrente);

Produção de calor local - decorrente do aumento do metabolismo;

Aumento da permeabilidade celular- devido a liberação de mediadores químicos;

Hiperemia e Vasodilataão - ocasionado pela vasodilatação e liberação do mediador químico histamina;

Parestesia - devido a mudança do pH;

Analgesia - determinada pela acomodação das raízes nervosas pelo estímulo elétrico.

Corrente Farádica: Corrente alternada, de pulso bifásico e assimétrico (mais curto, dando um maior conforto), tem ação de eletrodiagnóstico e de produzir contração muscular. O que seria isto? Eletrodiagnóstico é um método usado para saber se o músculo está sadio ou não.

Seus efeitos fisiológicos:

Estimula nervos motores e sensitivos; Ocasiona contração dos músculos; Favorece o retorno venoso; Aumenta o aporte sanguíneo; Provoca ação metabólica.

Seus efeitos terapêuticos:

Aumento do tônus muscular; Manutenção da integridade da placa motora; Recuperação da capacidade de contração muscular; Descongestionante.

Indicações:

Estimulação de nervos e músculos; Parestesias (alteração de sensibilidades); Estética; Hipotrofia por desuso; Fraturas; Edemas; Lesão tendínea.

Contra-indicações:

Áreas cardíacas; Neuromas; Espasticodade; Varizes trombosadas; Marcapasso; Útero gravítico; Genitália; Tumor maligno.

Correntes Diadinâmicas: Esta corrente é uma variação da corrente senoidal retificada. Podem ser monofásicas (retificada em meia onda ), bifásicas ( senoidal retificada em onda completa ). Nos dias atuais não tem tanta aplicação e seus efeitos são de vasodilatação e de promover acomodação das fibras nervosas provocando, temporariamente, analgesia

Correntes Interferenciais: São eficazes e utilizadas tanto para obter contração muscular como analgesia. Esta corrente se baseia na aplicação transcutânea de correntes elétricas alternadas de média freqüência. A freqüência ideal para estimular os músculos é de 60 Hz porém, esta freqüência é muito baixa para recrutar um número ideal de fibras musculares e freqüências maiores do que esta implicaria na sua transformação em calor. Então, utiliza-se correntes transportadoras sendo uma de 4.000 hz e a outra de 4.060 Hz. Elas são aplicadas através de dois pares de eletrodos que se cruzam e dentro do corpo, no ponto de intercessão das correntes (trevo), irá se ter a diferença entre as duas correntes transportadoras, isto é, 60Hz. As características analgésicas serão discutidas adiante na TENS.

Seus efeitos/indicação:

Alívio da dor, promoção da cicatrização, reparo nos tecidos e a produção de contrações musculares.

TENS- Neuroestimulação Elétrica Transcutânea: É uma técnica que utiliza correntes de baixa intensidade e baixa freqüência (100Hz) para provocar efeitos analgésicos de até 48 horas. Este efeito da TENS é obtido pela sua ação no bloqueio da despolarização do segundo neurônio de condução do estímulo da dor e pela liberação de endorfinas endógenas. Os eletrodos podem ser colocados de forma local (limitando o ponto doloroso), radicular (o eletrodo negativo é colocado na emergência do nervo e o positivo no ponto mais distante até onde a dor chega) ou sob forma cruzada (formando um quadrado com os quatro eletrodos).

Indicações:

Analgesia da dor (agudas e crônicas), artrose, fibromialgias.

Contra-indicações:

Basicamente são as mesmas de todas as outras correntes: Pessoas que usam marcapassos; Sofrem cardiopatia ou disritmias; Apresentam dor não diagnosticada; epilepsia; Nos três primeiros meses de gestação; Não usar na boca, no seio carotídeo, pele anestesiada, proximidades do olho.

FES-Estimulação Elétrica Funcional: É utilizada para produzir contrações em grupos musculares que desencadeiam movimentos e atividades da vida diária (AVD) no momento e forma que o paciente desejar, tais como: ficar em ortostase, deambular, coordenar movimentos dificultados pela espasticidade, trocar a postura. Estimula a musculatura desprovida de controle motor ou com insuficiência contrátil ou postural, com o objetivo de produzir um movimento funcional e utilizável e/ou substituir uma órtese convencional Pode ser definida como uma ativação nervosa controlada por meio da aplicação de uma corrente de baixa freqüência que produz respostas em determinados músculos paralisados. É utilizada como uma modalidade de eletroterapia aplicada em músculos plégicos ou paréticos decorrentes de lesão do neurônio motor superior, com a finalidade de executar movimentos funcionais. Portanto, a estimulação elétrica funcional é realizada no neurônio motor inferior intacto.

O paciente não deve apresentar alteração de sensibilidade no local da aplicação, pois esta é muito intensa e pouco suportável. Os locais próximos à aplicação também devem estar íntegros morfológica e funcionalmente. É muito usada em pacientes com histórico de AVE (acidente vascular encefálico), erroneamente ou costumeiramente chamado de AVC.

Espero que tenham gostado... Abraço a todos e até o próximo post!